Não é de hoje que venho pensando nesse tema,
refletindo sobre como as empresas contratam, como iniciamos os nossos
relacionamentos, como nos “vendemos” a nossa imagem e quem somos, seja em
qualquer tipo de relação.
Mas esse tema ficou mais forte para mim nessas
últimas semanas, quando comecei a fazer um curso de pós-graduação digamos, um
pouco diferente do tradicional. No primeiro encontro, na rodada de apresentação
dos participantes, ficou muito nítido para mim o quanto temos a necessidade de
falar aquilo que somos e o que fazemos de melhor. E na maioria das vezes, ainda
carregamos o nome da empresa como o nosso sobrenome... Afinal, precisamos
passar a imagem de sucesso, mostrar onde chegamos...
Então, comecei a pensar: Por que não falamos
das nossas fraquezas, dos nossos pontos de desenvolvimento, daqueles pontos
fracos logo que conhecemos alguém? Afinal, com o passar do tempo, a convivência
vai mostrar exatamente isso... aqueles nossos “defeitinhos” que tentamos esconder
na entrevista, no primeiro encontro, etc.
Assim acontece numa organização. Você é
contratado pelo que faz de melhor mas é demitido por aquilo que não conseguiu
fazer bem. Será que se invertermos o nosso modo de pensar, não teríamos mais
sucesso nas nossas contratações? Digo, será que no momento da entrevista, se
você falar sobre aquilo que não é capaz de suportar, sobre os valores que você
não vai abrir mão e sobre as competências que não estão tão apuradas, você não
poderia ser mais autêntico na forma de exercer o seu trabalho? Penso que a
partir do momento que soubermos aceitar e pudermos conviver com as limitações
do outro, muito mais fácil ficará a relação.
Em razão disso, comecei a adotar uma nova
pergunta no meu processo de entrevistas. Depois que o candidato contou toda a
sua experiência, suas capacidades, habilidades e competências (o que não deixa
de ser muito importante conhecer e checar), eu viro para ele e pergunto: “O que
não está escrito no seu currículo e que você gostaria muito que tivesse?”
De cara, quase nenhum candidato entende a
pergunta... então vou explicando, dando exemplos... quero saber o que a pessoa
não realizou, o que ela não conseguiu, o que deu errado. Aquela experiência
internacional que não “rolou” porque sua família não te apoiou... Aquele
projeto que você não concluiu porque simplesmente não conseguiu lidar com as
“diferenças” entre você e aquele membro da equipe... Aquela promoção que não
saiu porque, na hora “H”, seu inglês não te ajudou e a entrevista com o diretor
foi um fracasso...
É atrás dessas histórias que eu estou. E tenho
que confessar... tem sido emocionante ouvi-las. E mais que isso, perceber o
quanto as pessoas demoram para falar sobre aquilo que não deu certo. E sabe o que é mais interessante? Tenho
observado quantas competências excelentes se escondem atrás dos nossos
fracassos. Quantas lições as pessoas tiram desses episódios que antes, elas
queriam esquecer...
Por isso, eu quero aqui convidar você a fazer
um exercício: se você tivesse que começar um relacionamento hoje, qual seria o
seu “fracasso” que a outra pessoa deveria saber logo no início e que ajudaria o
relacionamento a ser mais verdadeiro? E na empresa, se você fosse entrevistado
por mim, por exemplo, qual seria a sua resposta para essa pergunta?
O meu convite não é para que você “mexa” na
ferida, volte a recordar momentos de vida e carreira que não foram legais.
Quero convidá-lo sim a pensar nas lições que você aprendeu a partir dessa
experiência, nas competências que você desenvolveu e que hoje lhe fazem ser o
profissional que é.
O aprendizado pode vir de várias fontes... e
aprender com o sucesso é sempre muito bom. Mas eu ainda acho que quando
aprendemos com os nossos “fracassos”, a lição fica mais firme, pois não
queremos errar novamente.
Por isso, reflita sobre quem você é, quais
competências você tem e de onde elas vieram... foram dos seus maiores sucessos?
Ou das suas piores derrotas?
Tenho certeza que você vai se surpreender com o
resultado... e vai ficar mais feliz e aliviado em saber que até nos momentos
mais difíceis, você teve um aprendizado!
Até a próxima!
Milena, lindo texto, sensível e profundo!!! Acho que se praticarmos essa abertura nas nossas empresas teremos relacionamentos mais sustentáveis, porque estaremos praticando a Verdade! Beijo!
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