quinta-feira, 12 de julho de 2012

Para onde o RH está olhando?


Faz mais de 13 anos que trabalho na área de Recursos Humanos  e consequentemente, convivo com os mais diversos profissionais nessa área... e de outras áreas também. E uma pergunta sempre fica presente em meus pensamentos: “Para onde o RH está olhando?”
Se você não entendeu muito bem a pergunta, eu explico: não canso de ouvir reclamações de funcionários e gestores dizendo que não sabem a razão da existência do RH. A impressão que tenho é que delegamos praticamente tudo para os líderes e esquecemos de garantir o alicerce para um bom processo de gestão de pessoas.

Sim! Estou me incluindo nesse grupo, afinal também sou RH. Mas não consigo entender porque muitas vezes não ouvimos o que os nossos funcionários querem, precisam... ou ainda aquilo nem sabem que precisam e que deveríamos estar preparados para entender.  Confesso que às vezes sinto uma pontinha de inveja da área de Marketing, por exemplo, que fazem aquelas pesquisas elaboradas para entender o seu público-alvo. E nós continuamos achando que estamos “salvando as empresas” quando na verdade, viramos as costas para os problemas cotidianos e perdemos talentos, competências, dinheiro...

Tenho percebido que a área de RH ficou distante das pessoas... começamos a olhar tanto para os “números” e para os resultados que esquecemos que eles são fruto do esforço, da dedicação e da competência das pessoas. Desejamos tanto sentarmos ao lado do presidente, pedimos para sermos mais estratégicos e finalmente, conseguimos! Mas e o básico, será que estamos fazendo?

Longe de mim generalizar, mas acho que essa discussão vale a pena... Você como RH, tem conversado com os funcionários da sua empresa de maneira informal? Quanto suas ações estão contribuindo para tornar o ambiente de trabalho mais agradável, mais produtivo? As pessoas reconhecem o RH como uma área a qual “eles podem contar”?

Thomaz Wood Jr, professor da FGV-EAESP e consultor disse em uma entrevista que as principais características dos profissionais de RH são humanismo, pragmatismo e capacidade de realização. Se pararmos para pensar, vamos ver que faz todo sentido...

Uma empresa existe para gerar valor, isso é fato. Mas ela é constituída de pessoas e por isso, o lado humano, a preservação da ética, a construção de relações saudáveis e o respeito ao indivíduo é que traz o equilíbrio para o mundo organizacional. Garantindo esse aspecto, daí sim temos que dominar ferramentas de negócios, fugindo daqueles discursos utópicos que não funcionam quando o assunto é resultado. Temos sim, que falar a linguagem dos negócios, mensurar o nosso trabalho, trabalhar com foco em projetos, buscar melhorias na qualidade, produtividade, etc... E por fim, é importante demais saber fazer acontecer. Me lembro que, em uma das empresas por onde passei, ouvi um diretor dizer a seguinte frase: “Power Point aceita tudo”. Ou seja, montamos apresentações fantásticas, cheias de termos complexos e no fim, não conseguimos colocar em prática aquela nossa ideia. Por isso, realizar tem que ser a chave... é preciso ter essa capacidade de transformar as ideias em resultados.

Todos os dias acredito que é importante repensar o nosso papel. Meu convite é que você, profissional de RH, pare um pouco e faça uma auto-avaliação. Pergunte-se se o que você está fazendo agora faz sentido e está alinhado com a sua missão enquanto área de Recursos Humanos. Em meio a tanta pressão por resultados, a máxima de se “fazer mais com menos” e os índices de exigência cada vez mais altos, penso que nosso papel é cuidar... cuidar para que as pessoas consigam entregar os resultados, cuidar para que os líderes estejam preparados para fazer um processo de gestão e principalmente, cuidar para que os funcionários possam encontrar realização enquanto exercem o trabalho que escolheram. No fim das contas, cuidar para que as pessoas possam ser mais felizes enquanto trabalham.

Nossa área não tem sentido se não considerarmos o lado humano das organizações, se não atuarmos como o termômetro do ambiente do trabalho, indo além do que mostram as pesquisas de clima. Entender o ritmo da organização e trabalhar com as pessoas para que elas consigam sobreviver a esse ritmo. Eu acredito que esse é o nosso papel... E quando estivermos fazendo isso muito bem, daí sim podemos desejar que venham os desafios os quais chamamos de “estratégicos”! Mas e tudo isso, será mesmo que não é?!

Abraços a você!

Um comentário:

  1. Muito boa reflexão Milena, acho que se os RH se aproximarem das pessoas e buscarem construir relações sustentáveis, isso sim irá gerar os tais resultados estratégicos! Abraço!

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