Faz mais de 13 anos que trabalho na área de
Recursos Humanos e consequentemente,
convivo com os mais diversos profissionais nessa área... e de outras áreas
também. E uma pergunta sempre fica presente em meus pensamentos: “Para onde o
RH está olhando?”
Se você não entendeu muito bem a pergunta, eu
explico: não canso de ouvir reclamações de funcionários e gestores dizendo que
não sabem a razão da existência do RH. A impressão que tenho é que delegamos
praticamente tudo para os líderes e esquecemos de garantir o alicerce para um
bom processo de gestão de pessoas.
Sim! Estou me incluindo nesse grupo, afinal
também sou RH. Mas não consigo entender porque muitas vezes não ouvimos o que os
nossos funcionários querem, precisam... ou ainda aquilo nem sabem que precisam
e que deveríamos estar preparados para entender. Confesso que às vezes sinto uma pontinha de
inveja da área de Marketing, por exemplo, que fazem aquelas pesquisas
elaboradas para entender o seu público-alvo. E nós continuamos achando que
estamos “salvando as empresas” quando na verdade, viramos as costas para os
problemas cotidianos e perdemos talentos, competências, dinheiro...
Tenho percebido que a área de RH ficou distante
das pessoas... começamos a olhar tanto para os “números” e para os resultados
que esquecemos que eles são fruto do esforço, da dedicação e da competência das
pessoas. Desejamos tanto sentarmos ao lado do presidente, pedimos para sermos
mais estratégicos e finalmente, conseguimos! Mas e o básico, será que estamos
fazendo?
Longe de mim generalizar, mas acho que essa
discussão vale a pena... Você como RH, tem conversado com os funcionários da sua
empresa de maneira informal? Quanto suas ações estão contribuindo para tornar o
ambiente de trabalho mais agradável, mais produtivo? As pessoas reconhecem o RH
como uma área a qual “eles podem contar”?
Thomaz Wood Jr, professor da FGV-EAESP e
consultor disse em uma entrevista que as principais características dos
profissionais de RH são humanismo, pragmatismo e capacidade de realização. Se
pararmos para pensar, vamos ver que faz todo sentido...
Uma empresa existe para gerar valor, isso é
fato. Mas ela é constituída de pessoas e por isso, o lado humano, a preservação
da ética, a construção de relações saudáveis e o respeito ao indivíduo é que
traz o equilíbrio para o mundo organizacional. Garantindo esse aspecto, daí sim
temos que dominar ferramentas de negócios, fugindo daqueles discursos utópicos
que não funcionam quando o assunto é resultado. Temos sim, que falar a
linguagem dos negócios, mensurar o nosso trabalho, trabalhar com foco em
projetos, buscar melhorias na qualidade, produtividade, etc... E por fim, é
importante demais saber fazer acontecer. Me lembro que, em uma das empresas por
onde passei, ouvi um diretor dizer a seguinte frase: “Power Point aceita tudo”.
Ou seja, montamos apresentações fantásticas, cheias de termos complexos e no
fim, não conseguimos colocar em prática aquela nossa ideia. Por isso, realizar
tem que ser a chave... é preciso ter essa capacidade de transformar as ideias
em resultados.
Todos os dias acredito que é importante
repensar o nosso papel. Meu convite é que você, profissional de RH, pare um
pouco e faça uma auto-avaliação. Pergunte-se se o que você está fazendo agora
faz sentido e está alinhado com a sua missão enquanto área de Recursos Humanos.
Em meio a tanta pressão por resultados, a máxima de se “fazer mais com menos” e
os índices de exigência cada vez mais altos, penso que nosso papel é cuidar...
cuidar para que as pessoas consigam entregar os resultados, cuidar para que os
líderes estejam preparados para fazer um processo de gestão e principalmente,
cuidar para que os funcionários possam encontrar realização enquanto exercem o
trabalho que escolheram. No fim das contas, cuidar para que as pessoas possam
ser mais felizes enquanto trabalham.
Nossa área não tem sentido se não considerarmos
o lado humano das organizações, se não atuarmos como o termômetro do ambiente
do trabalho, indo além do que mostram as pesquisas de clima. Entender o ritmo
da organização e trabalhar com as pessoas para que elas consigam sobreviver a
esse ritmo. Eu acredito que esse é o nosso papel... E quando estivermos fazendo
isso muito bem, daí sim podemos desejar que venham os desafios os quais
chamamos de “estratégicos”! Mas e tudo isso, será mesmo que não é?!
Abraços a você!
Muito boa reflexão Milena, acho que se os RH se aproximarem das pessoas e buscarem construir relações sustentáveis, isso sim irá gerar os tais resultados estratégicos! Abraço!
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